Beatriz

Legal Tech New York

Semana passada estive na Legal Week /Legal Tech que aconteceu em NY. Um evento bem grande direcionado a escritórios de advocacia e departamentos jurídicos de empresas, com o objetivo de discutir tendências e oportunidades no mercado jurídico e apresentar vendors da área de tecnologiaLegal Tech New York

Algumas impressões e dicas:

(a) Medo:

Nos EUA, muito embora eles possuam muitos softwares/produtos de AI (artificial intelligence / inteligência artificial) para o direito, existe uma resistência grande dos advogados para estas mudanças. Muito discurso educativo sobre “os softwares não vão acabar com o trabalho jurídico, mas sim melhorar o trabalho do advogado, pois eliminará o trabalho repetitivo”, e por aí vai… Minha impressão é que estamos na fase inicial desta revolução e os advogados abertos às mudanças estarão à frente.

(b) Departamentos jurídicos x escritórios de advocacia:

Dados apresentados mostram que os departamentos jurídicos têm aumentado suas equipes internas e os escritórios de advocacia têm diminuído seu ritmo de crescimento em pessoas, porém sem reduzir sua rentabilidade. Ou seja, gestão e eficiência são as palavras de ordem nos escritórios de sucesso. Além destes dois “players”, as Big 4 foram mencionadas como relevantes na divisão da fatia do mercado jurídico. Os departamentos jurídicos devem estar atentos aos escritórios que abraçam a eficiência e tecnologia no seu dia-a-dia, pois eles trarão soluções mais rápidas e precisas que os demais.

(c) Machine learning:

Softwares de AI funcionam com base em machine learning / neural nets. O ser humano precisa ensinar a máquina a funcionar. É preciso ter uma base de dados muito ampla e com dados “apurados”, ou seja, organizados, categorizados. O ser humano coloca estes dados no software e vai “ensinando” como deve funcionar… depois que o software recebe uma quantidade de grande de dados e é guiado a como usá-los, ele passa a funcionar sozinho, fazendo associações com trabalhos anteriores que foram solicitados. Assim, os softwares mais interessantes hoje funcionam a partir de uma base de dados grande, mas fala-se na tecnologia do blockchain para garantir confidencialidade de dados, viabilizando o uso de softwares de AI por pessoas que não tenham uma base de dados tão extensa.

(c) Softwares:

Como definir o melhor software para mim? Você deve avaliar seus “pain points” e avaliar se o software resolve esta dor. Nunca se deve partir do software para a dor, mas sim da dor para o software. Sempre envolver a equipe de TI na decisão. Caso seu escritório não tenha uma equipe interna, um consultor externo pode ajudar.

(d) Softwares propriamente ditos:

muitos softwares sobre e-Discovery (aprox.. 60% dos expositores), DMS (document management system, ou repository system, que é um gerenciador eletrônico de documentos), Document Assembly (te ajudam a criar um documento a partir de perguntas e respostas), Contract Review (faz uma análise – alguns de forma mais preliminar e outros mais profunda de uma base de contratos incluída no sistema), DD e Research.

Importante: verificar se o sistema que você está pretendendo contratar tem solução cloud ou não; se ele “conversa”/integra com os sistemas que você já usa, ex. se você usa Gmail, o DMS integra com o Gmail ou somente Outlook?; caso esteja considerando adquirir mais de um sistema, eles “conversam” entre si? Ex. um sistema de Document Assembly deveria, idealmente, integrar com o DMS, e por aí vai.

No que se refere aos sistemas dedicados a revisão de conteúdo ou pesquisa, ex. DD, eles estão “testados e aprovados” na língua inglesa e sua utilização em outra língua exigirá um grande volume de dados e esforço para treinar o software.

Estas foram minhas impressões… ou seja, de uma advogada, sem know-how específico em TI, mas que está acompanhando de perto as mudanças e vivendo as soluções tecnológicas no dia-a-dia.

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Roberto Cunha